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Cold call no B2B moderno: ainda funciona? Como fazer sem parecer anos 2000
Cold call no B2B moderno ainda funciona, mas só se tiver contexto e estratégia. Saiba como usar ligação na cadência sem parecer anos 2000.

Thiago Avelino
26 de mai. de 2025
Falar em cold call no B2B é quase sempre entrar num território polarizado. Pra alguns, a ligação fria morreu junto com os scripts engessados dos anos 2000. Pra outros, ela continua sendo um dos únicos canais que realmente geram resposta direta e rápida, desde que usada com critério.
A real é que o telefone nunca saiu completamente de cena. O que mudou foi o contexto de uso. Hoje, quem atende uma ligação de número desconhecido faz isso com um pé atrás — mas se a abordagem for inteligente, com contexto e ritmo certo, a cold call pode virar o ponto de virada da cadência. Não como ataque surpresa, mas como continuação natural de uma conversa que já começou por outro canal.
No B2B moderno, onde o volume de mensagens frias (e genéricas) em email e LinkedIn explodiu, a ligação volta a ganhar espaço. Não como plano A, mas como ferramenta de precisão. Usada no momento certo, com dados certos, pra falar com quem realmente tem fit e contexto.
Neste conteúdo, a ideia não é ressuscitar o script da década passada. É mostrar por que a cold call ainda tem espaço nas cadências modernas e como usar esse canal de forma estratégica, sem soar ultrapassado ou invasivo.
Vamos falar sobre o que mudou no comportamento do lead, onde a ligação entra na jornada, como preparar um call que gera atenção de verdade e o que separar de expectativa pra não soar como vendedor ansioso. Se você está estruturando uma operação de prospecção ativa e quer explorar o canal de voz com inteligência, este guia é pra você.
A origem da desconfiança com a cold call (e o que mudou)
A cold call carrega um estigma difícil de ignorar. Quem trabalha com vendas há mais tempo lembra das listas frias, dos scripts mecânicos e da pressão por fechar reunião a qualquer custo. O problema não era o canal em si; era o jeito como ele era usado: sem contexto, sem conexão e sem respeito pelo tempo de quem atendia.
Essa herança ainda pesa. Quando alguém recebe uma ligação de um número desconhecido, a expectativa é de algo invasivo, sem personalização e com aquele discurso decorado que todo mundo já ouviu. E é aí que nasce a resistência: não pela ligação, mas pela forma como ela historicamente foi conduzida.
Só que o comportamento do decisor mudou. Hoje, ele está mais informado, mais ocupado e mais seletivo. Ele pesquisa, valida e compara antes de abrir espaço pra qualquer conversa comercial. Ao mesmo tempo, a explosão dos canais digitais trouxe um novo desafio: o excesso de mensagens frias que chegam por e-mail, LinkedIn e até WhatsApp — muitas vezes com a mesma falta de contexto que antes estava restrita ao telefone.
Nesse cenário, o jogo virou. A cold call pode voltar a ser útil justamente porque se tornou rara. Mas não qualquer cold call. Só as que respeitam o timing, chegam com preparo e fazem sentido dentro de uma cadência multicanal mais ampla.
A ligação deixa de ser o primeiro passo forçado e vira um passo complementar, bem posicionado, com função clara: gerar atenção real em meio ao ruído digital.
Ou seja, o canal é o mesmo, mas a lógica mudou. E quem souber usar essa mudança a favor, sem repetir os erros do passado, pode abrir conversas que o e-mail nunca abriria.
Quando a cold call realmente funciona no B2B atual?
A pergunta não é se a cold call ainda funciona; é quando ela faz sentido dentro do fluxo comercial. E a resposta, quase sempre, está no timing.
Uma ligação fria, isolada, sem nenhum ponto de contato prévio, tende a ser ignorada ou rejeitada. Mas quando a ligação entra no momento certo — depois de uma visualização de e-mail, uma interação no LinkedIn, uma abertura de material técnico — as coisas mudam.
O lead já teve algum contato com sua marca ou com sua mensagem. A ligação, então, deixa de ser fria no sentido mais puro do termo. Ela vira uma chamada contextualizada, que conecta os pontos da cadência e abre uma janela real de atenção.
Funciona especialmente bem quando:
O lead visualizou seu e-mail, mas não respondeu.
Houve conexão ou troca no LinkedIn, mas sem avanço.
A empresa acessou um material técnico, mas não converteu.
O ciclo de nutrição está parado e é hora de provocar movimento.
Outro ponto importante é que a cold call bem posicionada acelera decisões em contextos de alto ticket, quando o e-mail não dá conta de explicar a complexidade da solução ou quando o lead precisa de um empurrão com tato. Nessas situações, a voz certa no momento certo tem mais peso do que qualquer copy.
Claro que tudo depende do perfil de quem você está tentando alcançar. Executivos de nível C podem reagir melhor a mensagens bem construídas seguidas de uma ligação breve e direta. Já perfis mais operacionais, como SDRs e analistas, respondem melhor a interações assíncronas antes da ligação.
Em resumo, a cold call funciona quando está conectada a um sinal anterior e quando tem função clara na cadência. Fora disso, tende a ser ruído. Dentro disso, vira acelerador.
Como usar cold call em cadências multicanal sem soar forçado
A cold call deixou de ser o primeiro passo da abordagem comercial para virar parte estratégica de uma cadência bem estruturada. E isso muda tudo. O papel da ligação, hoje, não é mais o de “quebrar o gelo”, mas o de quebrar a inércia quando o lead já recebeu outros estímulos, mas ainda não respondeu.
Pra isso funcionar de verdade, a ligação precisa ter três características:
1. Ser bem posicionada dentro da cadência
A cold call não entra no escuro. Ela entra com contexto. Pode ser logo após o lead abrir um e-mail, comentar em um post no LinkedIn, baixar um material técnico ou interagir com um diagnóstico gratuito. É essa sincronia entre canais que transforma a ligação em ponto de virada, não em interrupção.
2. Ter função clara no fluxo
Você não liga pra “ver se chegou a ler o e-mail”. Você liga porque há algo objetivo que pode ser resolvido ali: confirmar se faz sentido avançar, entender se o problema que você apontou ressoa, ou simplesmente validar se é a pessoa certa pra seguir a conversa. Isso exige um script leve, direto e que mostre domínio do assunto sem parecer pitch decorado.
3. Ser curta, consultiva e sem pressão
No B2B atual, ligação que dura 5 minutos e entrega um insight vale mais do que uma apresentação inteira empurrada ao telefone. O objetivo não é vender na hora — é abrir espaço. Muitas vezes, a cold call serve pra marcar a reunião, validar o fit ou, no mínimo, deixar uma impressão boa o bastante pra manter a cadência viva.
Um erro comum é colocar a ligação como “último recurso”. Isso faz com que ela entre com tom de cobrança, o que trava a conversa. O melhor uso é quando ela está planejada como parte do processo — nem antes, nem depois demais.
Quando usada assim, a cold call vira a virada da cadência: aquele toque final que transforma sinais em conversa e avança oportunidades que estavam esquentando em silêncio.
O que diferencia uma cold call moderna de uma ligação genérica e datada
Se tem algo que afasta qualquer decisor B2B de uma ligação é sentir que está ouvindo uma gravação com voz humana. E isso ainda acontece porque muita operação insiste em modelos antigos: abordagem engessada, perguntas rasas e zero adaptação ao contexto.
A cold call moderna é quase o oposto disso. Ela se apoia em três pilares: personalização rápida, domínio do problema e escuta ativa. Não é sobre “seguir um script”. É sobre guiar uma conversa curta com clareza, contexto e leveza.
1. Personalização que faz sentido sem enrolar: a ligação começa com um gancho real. Pode ser algo que o lead comentou num post, uma movimentação recente da empresa, uma dor comum ao segmento. Não precisa de formalidade excessiva, só de uma abertura que mostre que você fez o dever de casa. Algo como:
"Oi, [nome]. Vi que vocês anunciaram a expansão do time de vendas, por isso resolvi te ligar rapidinho. Queria entender como vocês estão lidando com a rampagem dos SDRs."
Em 15 segundos, você já deu o motivo, mostrou contexto e abriu espaço pra conversa.
2. Clareza sobre o que você resolve (sem parecer pitch): o grande erro de quem usa ligação como “primeira venda” é tentar mostrar tudo em 2 minutos. O que funciona mesmo é focar em um problema. Um só. Que seja relevante, urgente e com potencial de conexão.
A conversa vira útil quando o lead sente que não está sendo empurrado pra uma solução, mas convidado a refletir sobre algo que já está acontecendo.
3. Escuta ativa e fechamento leve: depois de fazer uma pergunta relevante, o melhor que você pode fazer é ouvir. A cold call que funciona hoje não é a que preenche todos os espaços com argumentos, mas a que abre espaço pro lead falar. Muitas vezes, o que gera avanço é o lead se escutar refletindo em voz alta sobre algo que ele ainda não tinha parado pra pensar.
E o fechamento? Simples, direto e com permissão:
“Se você achar que vale aprofundar, posso te mandar uma proposta de call com mais contexto. Sem compromisso.”
Isso tira o peso da decisão imediata e deixa a porta aberta.
No fim, a diferença entre uma ligação moderna e uma genérica é que a primeira parece uma conversa que você toparia ter mesmo se não fosse vendedor do outro lado. A segunda, todo mundo já desligou no segundo "bom dia, tudo bem?".
Quando (e por que) a cold call pode fazer sentido em 2025
Mesmo com a multiplicação de canais digitais, algumas conversas ainda precisam de voz. Literalmente. A cold call, usada com inteligência, continua sendo uma das formas mais rápidas de validar interesse, ajustar percepção e criar uma conexão real com o lead. Mas isso só acontece quando o contexto está a favor.
E é aqui que muita gente erra: encara a ligação como primeiro passo, quando na verdade ela funciona muito melhor como continuação. É depois de um clique no e-mail, uma visualização no LinkedIn ou um download de material que o telefone vira ferramenta útil porque o lead já demonstrou algum tipo de sinal. E você não está ligando do nada. Está ligando com motivo.
Outro ponto importante: existem ICPs que ainda preferem conversar. Fundadores hands-on, gestores com pouco tempo pra texto, setores mais tradicionais... nesse contexto, a ligação economiza etapas. Desde que a abordagem respeite o tempo, vá direto ao ponto e mostre logo de cara que você não está ali pra “tomar cinco minutinhos” — está pra entregar valor.
Além disso, há momentos em que o canal escrito simplesmente trava. Você mandou dois e-mails bons, o lead abriu, clicou, mas não respondeu. O LinkedIn também já teve interação, mas nada avançou. Aí, a ligação entra como catalisador. Não porque “é hora de insistir”, mas porque a conversa pode estar bloqueada pelo canal, não pela intenção.
E vale lembrar que cadência sem ligação vira monólogo. Quando bem posicionada, a cold call vira a quebra de ritmo que abre espaço pra resposta. O segredo está no quando, no por quê e no como — e não em sair ligando feito 2012.
A ligação não morreu, só mudou de lugar
Cold call não é vilã. Mas também não é protagonista. No B2B de hoje, onde o lead está mais informado, mais seletivo e menos tolerante a interrupções, a ligação só funciona quando acontece com contexto, intenção clara e dentro de uma cadência bem desenhada.
O telefone ainda tem espaço, principalmente para quebrar objeções, acelerar decisões ou retomar conversas que já começaram por outros canais. O que não funciona mais é ligar no escuro, com script genérico e achando que “quem insiste, vence”.
Na prática, o que faz a ligação dar certo hoje é o mesmo que faz qualquer outro canal funcionar: relevância. E isso começa muito antes do primeiro toque. Começa com social selling bem feito, com micro-ofertas bem posicionadas, com conteúdo certo para o ICP certo.
Por isso, o melhor uso da cold call no B2B moderno não é como primeiro passo. É como continuidade de uma conversa iniciada com inteligência.
Se a sua operação ainda trata ligação como única via ou usa o telefone como muleta pra tentar “forçar reunião”, talvez esteja na hora de repensar.
A TRA pode te ajudar a estruturar cadências que fazem sentido de ponta a ponta — com copy, canais, sinais e sim, ligação — no momento certo, com a abordagem certa.
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